Jessica assinou tremendo
muito, o homem foi embora e ela fechou a porta, apertou aquele envelope com
grande força e pedia para que dentro dele não estivesse escrito alguma coisa de
ruim. Jessica senta no sofá, calada e ainda tremia, as luzes da casa estavam
baixas, a TV estava desligada, não havia nenhum barulho. Com seus dedos e com
seu grande desespero, ela começou a abrir o envelope e tirou o papel que tinha
dentro.
As letras pareciam se mexer
de tanto nervosismo que Jessica estava, começou a ler, e suas lágrimas caiam em
cima do exame, a cada linha que lia, mas o choro vinha forte sobre ela, o
desespero tomou conta de Jessica, ela queria gritar de tanta tristeza, seu
corpo começou a tremer por completo, até o momento em que não decidiu ler mais,
pois no exame estava escrito – (Foi constatado no paciente 3 tumores na região
cerebral, 2 deles são malignos e 1 benigno)
Jessica colocou o papel de
volta no envelope e o guardou debaixo da sua gaveta, bem escondido. Jessica
passou a tarde toda chorando, nem ela sabia de onde vinha tantas lágrimas de
dentro dela.
Jhef chega em casa cansado,
fecha a porta com sua chave, quando se vira encontra Jessica sentada no sofá
toda coberta e chorando. Quando Jessica viu Jhef tentou disfarçar e começou a
enxugar as lágrimas. Jhef chegou perto dela e ela fechou os olhos.
- Ei minha linda o que foi? – perguntou ele.
- Nada, eu estou chorando com saudade da Marina – disse ela.
- Eu posso ir com você para visita-la.
- Obrigado, você é o homem da minha vida sabia?
- Sabia! E sabia que eu a cada dia que se passa estou mais apaixonado,
vidrado, fissurado no teu amor? – disse ele.
Quando Jessica ouviu aquilo,
lembrou do exame e abraçou Jhef com grande força e chorou nos seus braços, Jhef
não entendeu nada, mas também a abraçou forte, ali ajoelhado no chão e ela no
sofá.
- O exame chegou? – perguntou ele.
Jessica solta Jhef e olha
para ele.
- Não! Não chegou – respondeu ela.
- Estranho, Junior disse que iria chegar hoje.
Jhef se levanta e Jessica
fica olhando para ele.
- Onde você vai? – pergunta ela.
- Vou no hospital, pegar o meu exame – disse ele.
- Porque amor? Eu tenho que saber o que eu tenho, Eu não demoro, já eu
chego! – disse ele.
Jhef sai fechando a porta e
deixando Jessica na sala que volta a chorar. Jhef chega no hospital e vai na
recepção dos exames e confere seu nome, sua identidade e CPF.
- Senhor Jhef o seu exame já foi entregue na sua casa e sua esposa
recebeu, olhe aqui tem a assinatura dela – disse o atendente.
Jhef viu a assinatura de
Jessica e ficou tentando entender porque ela escondeu o exame dele. Jhef saiu
dali um pouco bravo e voltou pra casa. Quando Jhef abriu a porta, Jessica ainda
estava no sofá com cara de choro.
Jhef abaixou a cabeça e sem
saber como falar, pois estava com um pouco de raiva, chegou perto dela.
- Gasolina está caro sabia? – disse ele pra distrair um pouco.
- Não entendi – disse ela.
- Porque você não me disse que tinha recebido o exame?
Jessica prende o choro, mas
foi impossível.
- Amor, você está me deixando com medo! Cadê meu exame?
- Eu não recebi exame nenhum Jhef – falava ela.
- Jessica, eu vi a sua assinatura lá no recebimento do hospital.
Jessica começa a chorar
forte e Jhef começa a tremer.
- Cadê o exame Jessica? Você tá me deixando nervoso e com raiva de
você! Por favor, eu quero ver este exame.
- Desculpa amor! Desculpa por mentir, vem comigo – disse ela.
Jessica leva Jhef até o
quarto e pega o exame. Tremendo, ela dá o exame nas mãos dele. Jhef tira a
folha do resultado de dentro do envelope. Ele começa a ler, Jessica começa a
chorar do lado dele. Jhef se levanta da cama e coloca a mão na cabeça como se
estivesse desesperado, Jhef lê o exame completo e começa a chorar.
- Jhef, meu amor... – começa a falar Jessica, mas depois para.
Jhef amassa o exame com
força e raiva da vida, joga o papel amassado no chão com força, e caminha
tentando sair do quarto, mas Jessica se joga no chão a segura as duas pernas
dele. As lágrimas de Jhef caiam sobre a cabeça de Jessica que também chorava,
Jhef chegava até soluçar de tanto choro.
- Jhef onde você vai amor? Não faz nada, não me deixa aqui – falava
Jessica chorando agarrada nas pernas dele.
- Jessica me solta, me deixa – disse ele chorando, mas mesmo assim com
sua voz forte.
Jessica não solta Jhef,
então ele se abaixa e com sua força ele solta os braços de Jessica de suas
pernas e dá um empurrãozinho nela de leve.
- Eu preciso ficar sozinho, não fique me esperando pra jantar – diz ele
saindo chorando e nervoso.
Jhef descia as escadas de
sua casa, Jessica se levanta do chão e vai atrás dele.
- Jhef, você não pode dirigir, se você ficar tonto meu amor, Jhef me
escuta, você está nervoso – gritava ela.
Jhef bate a porta central
com força, entra no carro e se vai arranhando os pneus com força. Quando
Jessica sai, o carro dele já estava dobrando a esquina. Jessica cai sem força
ajoelhada no jardim da casa.
Jhef volta ao hospital e
procura o doutor Junior desesperado, Jhef chegava a tremer tanto que não
conseguia nem falar.
- Junior, você viu o meu exame? – perguntou ele.
- Vi sim Jhef, eu sinto muito amigo – diz o doutor – Mas no que eu
posso ser útil?
- Em todas as coisas! – disse Jhef.
- Eu quero saber tudo Junior, não me esconde nada! – falou Jhef
Jhef respirou fundo e olhou
fixo nos olhos do doutor Junior
- Quantos meses tenho? Quantos meses eu vou viver, se dois dos tumores
são malignos?
Junior olhou bem para Jhef e
sofreu por um momento ao vê-lo sofrendo, pois Junior era amigo de Jhef a pouco
tempo, mas Junior obteve coragem para responder à pergunta de Jhef que era
necessária.
Jhef não tinha vergonha e chorava na frente de Junior, mas também Junior sabia
que o choro de Jhef também seria o dele se estivesse na mesma situação.
- Jhef, eu vou ser direto, eu espero que você entenda tudo que eu
disser – começou a falar Junior.
- Pode falar Junior – disse Jhef.
- O tumor Benigno, dá pra operar, mas não seria necessário, pois um dos
Malignos está numa parte muito frágil de sua cabeça, ele está centralizado na
parte do seu cérebro onde fica todas as memórias. Alguns dizem que é esta mesma
parte do nosso cérebro que nos força a ficar de pé, ou seja, as nossas
coordenações motoras. Mesmo que você operasse um desses tumores, os outros dois
ficariam dentro de você. Bom Jhef, com tudo que eu te disse sobre este tumor
que está centralizado nessa parte do seu cérebro, é possível que você perca a
sua coordenação e não tenha mais o rumo sobre você mesmo.
Jhef chorava, mas queria que Junior
continuasse.
- Você tá me dizendo que eu não vou mais ter a força pra continuar de
pé? É isso? eu não vou poder mais andar? – perguntou Jhef.
- Eu sinto muito Jhef, mas não é só isso – disse Junior.
Jhef enxugava as lágrimas.
- Por esta parte do cérebro ser a parte da memória do ser humano, vai
chegar momentos em que você não vai lembrar de algumas coisas, é como perder
metade da memória Jhef – disse Junior.
Jhef se levanta todo
atordoado.
- Você está bem? Tá sentindo alguma tontura? – perguntou Junior.
- Não! Me responda, quantos meses de vida eu tenho?
Junior, não queria
responder, colocava a mão na testa e estava nervoso.
- Oito à Nove meses Jhef – disse ele.
Jhef começou a respirar
forte, seus olhos encheram de lágrimas.
- Obrigado – disse Jhef saindo da sala de Junior chorando e pensando em
Jessica.
Junior chorou dentro de sua
sala. Jhef vai até uma montanha e lá ele chora de braços abertos. Jhef passa
quase a tarde toda ali ajoelhado naquela terra.
Jhef volta pra casa, seus
olhos estavam vermelhos de tanto chorar, Jessica corre para Jhef e o abraça, os
braços de Jhef não abraçam Jessica e ela solta ele devagar.
- Porque não me abraça, eu já te pedi perdão, por não te mostrar o
exame naquela hora – disse ela.
Jhef não fala nada, e evitava olhar nos
olhos de Jessica.
- Jhef, fala comigo por favor, eu preciso ouvir a tua voz, já que eu
não tive o teu abraço – falava ela chorando.
Jhef ainda não falava nada.
Caminhou até o sofá e se sentou, Jessica ficou ali parada perto da porta de
cabeça baixa.
- Onde você foi amor? – perguntou ela querendo puxar conversa.
Jhef não aguenta e começa a
chorar forte, um choro de homem acabado e destruído pelo destino. A respiração
dele pareciam suspiros de dor.
- Eu quero que faça suas malas e vá embora – disse ele.
Jessica ergueu a cabeça e
olhou para Jhef, nunca pensou em ouvir aquilo dele.
- O quê? Você quer que eu vá embora? – disse ela chorando e chegando
perto dele no sofá.
A cabeça de Jhef estava
abaixada e ele ainda chorava.
- Olha pra mim – disse Jessica!
Jhef olhou para Jessica e
respirou fundo soltando um ar tremulo.
- Eu deixei tudo pra estar com você, estou vivendo a minha vida em
favor da tua e agora no primeiro obstáculo você me manda ir embora?
Jhef se levantou do sofá.
- Este não é um obstáculo qualquer Jessica – disse ele com voz sofrida.
- Porque você acha que eu me entreguei pra você, me responde agora
Jhef! Não sabe responder? Então eu te respondo – disse ela.
- Por favor Jessica, eu não quero te deixar com briga!
Jessica caminha pela sala
desesperada.
- Porque eu te amo! – disse ela colocando as duas mãos no rosto de Jhef
– Eu te amo Jhef, eu me entreguei porque quero viver o resto da minha vida com
você
- Acontece Jessica que o resto da vida está sobre mim – gritou ele bem
forte.
- Eu passei a minha vida toda, esperando você voltar, pra eu dizer o
quanto eu te amo.
- O que adiantou Jessica, se o destino não quis assim!
Jessica abraçou Jhef a força
e ele tentava se soltar.
- Jhef deixar eu ficar com você, eu quero cuidar de você neste momento
difícil.
- Este não é um momento difícil Jessica, este é um momento terminal. Eu
só tenho nove meses de vida – disse ele.
Jessica caiu as prantos,
gritava de dor, ajoelhou-se no chão e segurou as pernas de Jhef.
- Eu vou perder tudo Jessica, a memória, a força pra ficar de pé, vai
chegar o dia em que eu não vou mais lembrar de você, vai chegar o dia em que
você vai ter que empurrar uma cadeira de rodas.
- Me deixa sofrer sozinho Jessica, eu quero andar na cadeira de rodas
sozinho, eu não vou aguentar um dia te olhar e não te reconhecer.
- Jhef eu te amo, eu vou ficar com você até o último dia de tua vida –
disse ela chorando ainda no chão.
- Eu estou morrendo caramba! Será que você ainda não entendeu? – gritou
ele.
Jessica se levantou com uma
cara de brava.
- Eu entendi! Eu sei que você vai morrer, mas a minha escolha é essa,
eu não vou deixar você morrer sozinho, eu e você somos um só e se você for
levará meu coração junto com o teu – disse ela.
Jhef parou de falar e
chorava.
- Antes de você ir ao hospital, eu liguei para lá, e o doutor Junior me
disse tudo isso, não me força a escutar tudo isso novamente, eu já decidi Jhef,
eu sou tua mulher e vou ficar com você até o fim, até o último dia – disse ela
tocando nas mãos dele.
- Se você não for embora, eu vou – disse ele.
Jhef começou a subir as
escadas para o quarto. Jessica começou a cantar.
Desacelerar, fazer com que nosso amor dure
É o melhor tempo da minha vida, não quero deixar-te pra trás.
Se estou fora do alcance, sinto segurar-te minhas mãos
Se um dia desistirmos nunca olharemos pra trás
Nunca olharemos pra trás!
Jhef parou de subir as escadas e olhou para Jessica.
És tudo que eu sempre quis, mas a vida entrou no meu caminho
És tudo que eu sempre quis e eu não sei como isso pode mudar!
Eu sei que hoje ainda há algo a faltar, nós dois!
Jhef desceu novamente as
escadas que subia, chegou perto de Jessica e ela olhou para ele enxugando as
suas lágrimas.
Jessica abraçou Jhef e dessa
vez ele a apertou com sua força como fazia antes. Os dois choravam abraçados.
- Desculpa, eu não podia fazer isso com você – disse ele.
- Eu te entendi Jhef, eu posso sentir o teu desespero – disse ela.
Jhef olhou para Jessica e a
beijou.
- Ainda que chegue o último dia, o nosso amor nunca vai morrer – disse
ele
- E eu vou estar com você todos os dias da tua vida, com ou sem memória
e com ou sem cadeira de rodas – disse ela.
- Eu te amo Jessica – disse ele.
Jhef ia pra cozinha, quando
Jessica puxa a mão dele.
- Jhef, eu não queria te aperrear com mais coisas da vida, mas eu tenho
que te contar – disse ela com voz tremula.
Jessica fechou os olhos e
tomava coragem para dizer o que queria falar naquele momento.
- As notícias não acabam por aqui Jhef – disse ela.
- Tem mais coisa que eu tenho que saber? Mais sintomas? Eu vou sofrer
mais durante esses nove meses de vida?
- Não fala mais nos nove meses, por favor – pediu ela.
- Quando iniciamos um caminho, sempre ficam sementes na estrada Jhef –
disse ela olhando fixo no olho dele.
Jhef prestou atenção no que
ela falou, mas não entendeu.
- O que você quer dizer com isso? – perguntou ele.
Jessica respirou fundo,
pegou a mão de Jhef e colocou em cima de sua barriga, Jhef balançou a cabeça em
sinal de NÃO! E olhou para Jessica.
- Eu estou grávida Jhef – Disse ela chorando e olhando nos olhos
tristes dele.
Jhef caiu ao chão ainda com
suas mãos na barriga de Jessica. Jhef chorava, mas não sabia se era de tristeza
ou de alegria.
- Jhef, não está feliz? – perguntou ela.
- Eu não vou ver o meu filho Jessica – respondeu ele olhando para ela
com uma cara de choro.
- Vai sim, você é o homem mais cheio de vontade e de garra que eu já
conheci na vida, você vai ver o seu filho Jhef – disse ela.
- Eu só tenho Oito meses amor.
- Você viverá mais que isso Jhef – disse ela o abraçando.
Jhef se levanta e sorri para
Jessica estendendo a mão para ela. Jessica segura na mão de Jhef.
- Sobe comigo, eu quero te fazer feliz enquanto me resta – disse ele.
Jhef e Jessica subiram ao
quarto e lá tiveram um lindo momento de amor. Passando-se os minutos Jhef fica
olhando para Jessica deitada em seus braços.
- O que foi amor? – perguntou ela.
- Eu não posso ficar esperando a morte Jessica, eu tenho que viver a
minha vida.
- Seus sonhos de criança que nunca se realizaram, quais são? –
perguntou ela sorrindo.
Jhef sorriu e olhou para
Jessica de uma forma tão engraçada que ela também caiu na risada.
- Então você agora quer me retribuir? – disse ele.
- Sim, é justo! – disse ela.
- Estar aqui comigo neste momento já retribuiu todas as coisas Jessica,
sua vida, seu coração, seu toque é minha retribuição – disse ele.
- Você pode me dizer quais são esses sonhos?
- Você é marrenta hem garota – disse Jhef sorrindo – Tá certo! O
primeiro é bem radical, acho que você não iria aguentar.
Jessica se levanta da cama e
desafia Jhef.
- Ah é? Então vamos lá no lugar desse seu sonho que eu quero ver se eu
vou desistir tão fácil – disse ela estendendo a mão para ele.
Jhef segurou na mão de
Jessica.
- Então está fechado! Vamos nessa! – disse ele.
O parque de diversões “San
Noronha” era um dos parques mais radicais da região, nele existia uma montanha
russa gigantesca que entrava por dentro de uma caverna escura e ainda ficava de
cabeça pra baixo sobre as águas. Era adrenalina de tirar o coração pela boca.
Quando Jessica viu de longe a montanha russa entrar pela caverna escura de uma
forma assustadora que chegava a fazer um grande barulho, se arrepiou por
completa.
- Eu nunca tive coragem de ir sozinho, mas agora que você insistiu
tanto em vir comigo, nós vamos juntos – disse ele.
Jessica apertou o braço de
Jhef com força quando ele começou a ir em direção a montanha russa.
- Ei Jessica, está tudo bem? Parece com medo?
- Medo eu? Não! Imagina... Vamos logo que eu estou louca pra dar uns
gritos.
- Não precisa ir se não quiser – disse ele.
- Ei... É o seu sonho, você escalou uma montanha por mim lembra?
Jhef abraçou Jessica e os
dois foram. O brinquedo começou a andar e a adrenalina começou, os gritos de
Jessica eram fortes até que Jhef a beijou nas alturas. Foi o beijo mais
inesquecível dos dois.
Saíram do parque sorrindo
muito, foi um dia cheio de gritos, adrenalina e muito romance. Chegaram em casa
cansados, Jhef subiu para tomar banho e Jessica comia algo na cozinha. Quando
Jhef ligou o chuveiro, Jessica entrou no banheiro.
- Tomar banho comigo? – disse Jhef rindo
Jessica respirou um ar de
vergonha, Jhef sorriu e a abraçou.
- Não precisava perguntar, é claro que pode.
Jessica tirou a roupa e
entrou no chuveiro com Jhef. Logo mais se enxugarem no quarto, Jessica começa a
falar com Marina pela web can. Jhef estava do lado dela na cama sem camisa.
- Nossa! Tá passando bem hem amiga – disse Marina vendo Jhef pela tela.
Jessica sorriu e olhou para
Jhef como quem quisesse contar.
- Estou sim amiga! O Jhef foi o homem que eu sempre pedi a Deus – disse
ela.
Marina perde o sinal e
Jessica deita sobre o corpo de Jhef. Jhef faz um carinho no pescoço de Jessica
e ela se arrepia. Os dois começam a rir abraçados na cama, logo depois Jhef
desce até a cozinha e Jessica retorna ao notebook, ela entra num site chamado,
“viagens alto mar” e compra duas entradas para um cruzeiro, mas não conta nada
para Jhef.
Jhef sobe para o quarto e
encontra Jessica deitada na cama.
- Você está linda amor – disse ele.
- Já tomou os remédios? – perguntou ela
- Já sim, ainda bem que eu não estou tendo mais as dores de cabeça.
- Jhef, posso te pedir uma coisa? – perguntou ela.
- Claro meu amor, me peça tudo e eu te darei até meu coração numa
bandeja.
- Me faça feliz neste momento, agora! – pediu ela.
Jhef respirou fundo e tirou
a calça, Jhef e Jessica novamente tiveram um momento de amor. Eles estavam
aproveitando o máximo. De madrugada Jessica se levantou sem acordar Jhef, fez
uma pequena mala de roupa dos dois e colocou na mala do carro, era quase três
horas da madrugada quando Jessica acordou Jhef.
- O que foi Jessica, deixa eu dormir.
- Jhef, vem comigo por favor, é urgente – mentiu ela.
Jhef abriu os olhos um pouco
preocupado e vestiu uma cueca e uma calça, depois colocou uma camiseta e desceu
as escadas com Jessica. Ela o levou para dentro do carro e ele meio sem saber o
que estava acontecendo já ficou preocupado.
- O que houve Jessica? Pra onde vamos?
Jessica sorriu e beijou Jhef
dentro do carro.
- Para mais uma realização da sua vida – disse ela.
Jessica dirigiu até o porto,
Jhef ficou maravilhado ao ver aquele navio tão grande e muita gente entrando
nele.
- Como sabia? – perguntou Jhef
- Lembra que eu era sua fã número um no tempo do colegial?
Jhef saiu do carro
emocionado, enquanto Jessica pegava as malas e as passagens impressas da
internet.
- Pra onde? – perguntou ele assustado.
- Você acha que eu te trouxe aqui só pra ver o navio e ir embora? Não
meu amor, eu comprei as passagens e a gente vai navegar pelo mar durante 3
dias.
- Verdade? – perguntou ele abraçando ela.
- Este é um pequeno cruzeiro, o maior que tinha era de 1 mês, mas três
dias já está bom – disse ela.
- Claro! – disse ele beijando ela.
Jhef e Jessica entraram no
navio, vão direto para a frente dele, era uma coisa linda de se ver, as
estrelas daquela madrugada nunca iria sair de suas mentes. A lua estava
esplendorosa, parecia até que seu brilho chegava até eles naquele navio. Jhef e
Jessica se beijam enquanto o navio começava a sair do porto.
Os dias naquele cruzeiro estavam sendo maravilhosos, Jhef teve algumas
tonturas, mas não chegou a desmaiar. O navio voltou ao porto depois de três
dias, Jhef e Jessica desceram sorrindo muito, o carro ainda estava lá
estacionado. Dessa vez Jhef voltou dirigindo. Chegando em casa Jhef agradece a Jessica
pela surpresa e a leva para cama.
Eles dormiram quase a tarde
toda, ainda estavam cansados, Jessica acorda, mas não encontra Jhef na cama,
ela desce e quando chega na sala, Jhef estava no sofá com um filhote de
labrador nas mãos. O filhotinho estava com um laço vermelho no pescoço.
- Ai que lindinho amor – disse ela.
- Pra te fazer companhia, é seu – disse ele – Tob é o nome dele.
Jessica pega o cachorrinho e
beija Jhef. Enquanto o beijava Jhef fica tonto e cai sobre o sofá, seus olhos
viravam, era algo assustador.
Jessica coloca o cachorro no
chão e começa a gritar por Jhef. Jhef estava ficando vermelho de tanta dor na
cabeça, sua cabeça parecia que iria explodir.
- Jheeeeeeeef fala comigo – gritava Jessica.
Jhef abre os olhos no
hospital, deitado na mesma cama de sempre. Jessica entrava ali naquele mesmo
momento com o doutor Junior.
- Amor você acordou – disse ela o beijando.
- Eu quero ir pra casa – disse ele.
Junior chegou perto de Jhef.
- Se você ama a sua mulher e quer ver o seu filho, não tente apressar
os meses Jhef, você vai ter que ficar aqui – disse o doutor.
Jessica abraça Jhef e ele
não fala mais nada.
Cinco dias se passam e Jhef
tem alta do hospital, ele volta pra casa com Jessica. Os dois tiram um cochilo.
Jhef acorda e deixa Jessica dormindo, ele vai até a empresa, chegando lá todos
o abraçam e Jhef conta sobre a doença. Todos os funcionários ficam tristes e
calados sobre o caso, mas quando Jhef acaba de falar todos o abraçam e choram
junto com ele. Jhef volta pra casa no final da tarde e encontra Jessica
ajoelhada na sala aos prantos abraçada com Tob. Ele vai até ela e a levanta,
Jessica abraça Jhef ainda chorando.
- Não faz mais isso comigo Jessica, você está me matando antes da hora
quando eu chego em casa e vejo você chorando por minha causa – disse ele.
- Desculpa, é que as vezes eu não aguento, eu fico lembrando de tudo
que a gente viveu a pouco tempo, eu, você o Zack...
- Toda vez que vejo você chorar é como se uma parte de mim fosse
arrancada do meu corpo – falou Jhef.
- Desculpa, eu não sei como vai ser Jhef, eu não sei como vai ser sem
você.
Jhef abraça Jessica e chora
por trás do abraço sem ela ver.
- Não pensa nisso, só saiba que eu ainda estou aqui – disse ele.
Jessica olha para o rosto de
Jhef e percebe que ele estava chorando.
- Não quero que vá – diz ela com voz tremula.
Jhef toca no queixo de
Jessica com carinho.
- Quem disse que eu vou? Vou estar sempre com você, no seu coração!
Jessica chora e Jhef a
consola.
Os últimos seis meses que se
passaram foram intensos, foram vários desmaios que Jhef teve, jhef via Jessica
chorando pelos cantos da casa, ela já não se cuidava mais, nem ia mais ao
salão, nem pintava as unhas. Fingia não sofrer, mas o sofrimento estava no
olhar dela. Tob fugiu e não voltou pra casa. Madrugadas inteiras ela ficava
olhando Jhef dormir, lembrando do tempo do colégio. Sua barriga já estava
grande, Jhef entrou numa academia e malhava todos os dias. Malhava pelo ódio,
malhava pela tristeza, malhava pelo destino que foi tão cruel com ele e com
Jessica e mais do que tudo, malhava pela dor da partida que sabia que iria
chegar.
Jhef chegou em casa todo
suado e Jessica estava na sala assistindo TV, quando Jhef entrou ela correu
para perto dele e o abraçou.
- Amor, eu estou suado – disse ele pingando de suor.
Jessica pegou a mão de Jhef
e pôs na sua barriga.
- Veja amor, é o nosso filho, ele mexeu – disse ela chorando.
Jhef se ajoelhou no chão e
sentiu o bebê mexer forte. Jhef sorriu e abraçou Jessica com força.
- Agora que eu te cobri com o meu suor, vem tomar banho comigo? – disse
ele.
Jhef e Jessica tomam banhos
juntos, aquela água quente que caia sobre eles, aqueles beijos molhados debaixo
do chuveiro, foram terminados por mais um desmaio de Jhef. Jhef caiu sobre o
chão do vão do banheiro, Jessica desligou o chuveiro, pegou uma toalha e cobriu
Jhef. Rapidamente telefonou para o Doutor Junior. O doutor chegou rápido e
levou Jhef para o hospital.
Jhef fez novos exames o que
comprovou que seu caso estava se agravando cada vez mais. Jessica chora ao ver
os exames e coloca a mão na barriga pensando no seu filho.
Os dias vão se passando
rápido, desta vez Jhef ficou internado no hospital durante 1 mês e 16 dias, ou
seja um mês e meio. Jessica entra no quarto e vê Jhef chorando.
- Amor o que foi? Tá sentindo alguma dor?
- Não Jessica, eu estou sentindo raiva da vida, porque isso está
acontecendo comigo Jessica?
Jessica abraça Jhef e o
acalma.
- Olha, você teve alta hoje, nós vamos pra casa – diz ela.
- É melhor ficar aqui – disse ele com raiva.
- Já se passaram sete meses e meio Jessica, daqui a 14 dias serão oito
meses.
- O que quer dizer com isso Jhef?
- Eu vou morrer daqui a pouco Amor – disse ele chorando muito.
Jessica olha para Jhef com
um olhar de medo e choro ao mesmo tempo.
- Você vai voltar pra casa comigo Jhef – disse ela.
Jhef volta pra casa com
Jessica, ele entra meio sem força e se senta no sofá, Jessica estava indo pra
cozinha, quando ele a chama.
- O que quer Jhef? Me peça e eu te darei até meu coração numa bandeja –
disse ela repetindo a frase que um dia Jhef disse para ela.
- Os dias estão acabando Jessica – começou Jhef.
- Jhef por favor, não continua...
Jhef segura na mão de
Jessica.
- Cuida das minhas empresas pra mim Jessica, todos aqueles
trabalhadores que estão ali, desde os pequenos aos maiores são a minha vida,
eles tem filhos, mulheres, maridos. Por favor amor, não deixa minhas empresas
falirem quando eu se for. Promete pra mim – pediu Jhef chorando.
Jessica se ajoelhou perante
Jhef e chorou.
- Eu prometo amor, nenhum deles ficará sem emprego – falou ela.
Era alta madrugada quando
Jhef levantou da cama e foi até a sala, parecia meio estranho, atordoado.
Jessica acordou e não viu Jhef na cama então desceu atrás dele, pois não
poderia deixa-lo sozinho. Jessica descia as escadas no escuro daquela madrugada
e viu Jhef perto da estante da sala segurando um porta retrato.
- Tá com saudade dele né? – perguntou Jessica.
Era a foto que ele, Jessica
e Zack tiraram em cima da montanha quando escalaram. Jhef se virou para ela e a
olhou de um modo estranho.
- E quem é ele? – perguntou Jhef muito sério.
13- Cadeira de
rodas
Jessica olhou para Jhef de
uma forma assustadora, desceu as escadas e chegou perto de Jhef.
- Você não lembra dele? – perguntou ela.
- Alguém da sua família? Porque está me olhando assim – perguntou ele.
- Jhef, esse é o Zack, o seu amigo, o seu irmão, o seu maninho de
infância – respondeu ela assustada com tudo aquilo.
Jhef colocou a foto no seu
lugar e subiu de volta para o quarto. Jessica chora no escuro da sala e depois
sobe para o quarto também. Jessica abraça Jhef na cama e dorme abraçada com
ele.
O dia amanhece e Jessica
acorda e chama Jhef. Ele não se meche e nem fala nada, Jessica se desespera e
começa a mexer o corpo de Jhef com força.
- Jheeeeeef acorda, Amor acorda, por favor – gritava ela desesperada.
O corpo de Jhef estava
parado, parecia estar morto, de repente ele respira fundo e começa a tossir.
Jessica abraça Jhef e chora desesperada.
- Pensei que você estava morto – falava ela.
Jhef não falava nada, só
tossia e respirava forte. Jessica saiu da cama e Jhef ficou assustado ao vê-la
em pé.
- O que foi Jhef? – perguntou Jessica.
- Você está grávida? – perguntou ele olhando fixo para a barriga dela.
Jessica chega perto dele.
- Jhef, é o nosso filho – disse ela.
Jhef sorriu e beijou a
barriga de Jessica.
- Desculpa, eu estou... Atordoado! – disse ele
Jessica vai para o espelho e
Jhef tenta se levantar da cama. Era como se ele não sentisse mais os pés, sua
força estava fraca, ele tenta colocar força nas pernas, mas assim que se
levanta ele cai. Jessica vê pelo espelho e corre para levanta-lo.
- Jhef, você está tonto? – perguntou ela.
- Minhas forças Jessica! Eu não estou sentindo minha força – diz ele
tremendo.
Jessica leva Jhef para o
hospital novamente.
...
Jhef dessa vez ficou em um
quarto diferente, este tinha algumas máquinas a mais. Doutor Junior chamou
Jessica para uma conversa.
- Doutor, já está na hora?
- Jessica, nós não sabemos nem o dia e nem a hora que a doença vai agir
pra valer – disse Junior.
Jessica chora na frente do
doutor.
- O tumor que está na parte mais importante do cérebro, já criou raízes
por várias partes, por isso ele já começou a perder a memória, mas não todas e
também ele não vai ter mais força para andar – disse o doutor Junior.
- Ai meu Deus – disse Jessica de cabeça baixa.
- Chegou a hora Jessica, o Jhef tem que ficar na cadeira de rodas –
disse ele.
Jessica saiu de perto de
Junior e não deixou ele falar o resto. Jessica entra no quarto de Jhef.
- Jessica, eu vou ficar aqui até o fim né? – disse ele.
Jessica chorou na frente de
Jhef e ele a olhava.
- Não me esconde nada Jessica por favor.
- Você vai voltar pra casa – disse ela.
- Isso é bom...
- De cadeira de rodas Jhef – disse ela.
Jhef virou a cabeça para a
parede e não olhou mais para Jessica, ele não queria que ela visse o sofrimento
dele.
- Eu sinto muito amor – disse ela saindo do quarto.
Jhef chorou forte.
...
Depois de alguns dias Jhef
voltou para casa com Jessica, ela empurrava a cadeira de rodas dele com todo
seu amor. Jhef se sentia inválido de tudo, não conseguia olhar muito pra cara
de Jessica, para não deixar ela com pena dele.
- Jhef... – disse ela se ajoelhando e levantando a cabeça dele para
olhar para ela.
- O que foi Jessica?
- Não tenha vergonha de mim agora, não se afaste por pensar que eu
estou sofrendo. Eu estou sofrendo sim, mas ainda que você estivesse sem as suas
pernas e sem seus dois braços, eu iria te amar como nunca, o meu amor é eterno
como você – falou ela.
Jhef deixou uma lágrima cair
de seu olhar.
- Eu te amo mais do que minha própria vida, eu escolheria perder a
minha vida mil vezes do que perder o teu amor que sempre existirá mesmo quando
eu não estiver mais aqui. Eu te amo Jessica, eternamente!
Os dois se beijaram.
- Bom, eu vou mudar a casa pra ficar apropriada para a cadeira – disse
ela.
- Jessica! Não precisa, já são oito meses e três dias, eu posso morrer
hoje, ou amanhã quem sabe?
Jessica chora e fica abraçada
por muitos minutos com Jhef.
14- Minutos Finais
Os dias vão se passando,
Jhef e Jessica sabiam que eram os últimos dias, hoje já são 8 meses e 17 dias,
faltava poucos dias para formarem 9 meses. Jessica não deixava de ser feliz com
Jhef no seu dia a dia. Era pela tarde quando Jessica estava no telefone quando
Jhef tentou se levantar da cadeira de rodas, caiu por cima do seu braço esquerdo
e começou a gritar, mas não chamou o nome de Jessica.
Jessica desligou o telefone
e foi levantar Jhef, quando ela o colocou na cadeira de rodas ele olhou bem
para ela.
- Quem é você? – perguntou ele.
Jessica parou no tempo e
estava morta por dentro com aquela pergunta de Jhef. No mesmo momento em que
olhava para ele, muito sangue saia do nariz dele. Jessica se desespera e pega
um pano para parar o sangue. O desespero de Jessica era imenso, Jhef ficou
paralisado e não conhecia Jessica.
...
Jessica sentia lá no fundo
que era a última vez que voltava àquele hospital. Jhef estava ligado às
máquinas do quarto.
- Jessica eu preciso falar com você – disse o doutor Junior
Jessica foi com ele até o
corredor.
- O que quer falar? – perguntou ela com sua barriga enorme.
Junior percebeu que Jessica
estava descuidada, não usava mais as maquiagens, seus olhos estavam vermelhos
de tanto chorar, seu cabelo estava com fios quebrados.
- Jessica, hoje são oito meses e 17 dias, os exames mostraram que todos
os tumores avançaram no seu estado, a partir de então Jessica, os sintomas
serão mais massacrantes para o Jhef – disse Junior.
- O que o senhor tá querendo dizer?
- Não há como ele sair mais daqui do hospital, as dores que ele vai
sentir a partir de agora serão fatais, algumas já podem o levar, mas se ele for
forte e aguentar todas até a última, ele vai sofrer muito.
Jessica começou a chorar
pensando em Jhef. De repente teve fortes contrações.
- Doutor, o bebê vai nascer – disse ela com a água da bolsa estourada.
...
Jessica entrava em trabalho
de parto, enquanto isso Jhef sentia a primeira dor terminal na sua cabeça, eram
gritos de dor, parecia que o tumor ia explodir dentro dele. Os olhos de Jhef
pareciam virar de tanta dor, apertava o colchão da cama com grande força. As
enfermeiras deram uma injeção em Jhef e ele se acalmou. Naquela hora das dores
de Jhef, Jessica também sentia a dor do parto. O bebê nasceu grande, Jessica ao
ver o filho pela primeira vez chorou. Jhef estava sedado, respirando pelos
aparelhos. Jessica colocou o nome do pai de Jhef no filho deles. O garoto se
chamava Zian.
Alguns dias passaram,
Jessica acompanhava os sofrimentos finais de Jhef, toda madrugada ela e quase
todos os pacientes daquele corredor escutavam os gritos de dor de Jhef, eram
gritos fortes e assustadores. Já era 8 meses e 27 dias, certa noite enquanto
Jhef gritava de dor e os médicos estavam com ele no quarto, Jessica chegou no
vidro da porta e olhou para ele e seu sofrimento. Ela chorou, suas lágrimas
eram quentes de dor por ver o homem que tanto amava sofrendo daquele jeito.
Jessica pensava que Jhef não
lembrava mais dela, quando Jhef viu Jessica de longe no vidro da porta, gritou
o nome dela e estendeu sua mão em sua direção.
- Jessicaaaaaaaaaaa – gritou ele com os olhos cheios de lágrimas e com
dor.
Jessica ao ouvir a voz de
Jhef chamar por ela novamente chorou e entrou no quarto indo direto para ele.
Os médicos se afastaram e Jhef se acalmou.
- Jhef, meu amor, você lembrou de mim – disse ela beijando a boca dele
e o abraçando.
Jhef chorou ao lembrar de
Jessica e da história dos dois.
- Nosso filho! – disse ele.
- Ele está bem, se chama Zian – disse ela chorando.
Jhef sorriu.
- O nome do meu pai – disse ele.
- Sim – disse ela.
- Jessica, eu quero ver o meu filho antes de ir, por favor traz ele
aqui.
Jessica aperta a mão de Jhef
e balança a cabeça dizendo que SIM.
- Por favor, volte ainda hoje, porque quero te pedir uma coisa – disse
ele.
Jessica beijou Jhef mais uma
vez e saiu do quarto chorando. Doutor Junior encontrou Jessica e a chamou para
a sala dele novamente.
- Jessica, o Jhef não está aguentando mais as dores na cabeça...
- Doutor, eu tenho que mostrar o nosso filho a ele – disse Jessica
tentando sair da sala.
- Presta atenção Jessica – gritou Junior.
Jessica virou para o doutor.
- Se este tumor, estourar dentro dele, o Jhef vai sofrer muito mais,
não tem mais pra onde fugir Jessica, você pode acabar com isso – disse Junior.
- Você tá me pedindo pra mata-lo?
- Não! Eu estou te pedindo pra salvá-lo Jessica, é muito sofrimento pra
um homem enfrentar sabendo que não vai ter mais jeito, 90% da vida dele está
sobre aqueles aparelhos – disse Junior olhando para Jessica.
Jessica abriu a porta da
sala dele.
- Não vou mata-lo, o senhor não sabe o que é amor, o senhor não conhece
a nossa história! – gritava Jessica – Eu e ele vivemos a história de amor mais
linda que eu já vi, ele realizou todos os meus sonhos que eu tinha na vida, ele
me mostrou o que era amar, eu não posso acabar a minha história com minhas
próprias mãos – disse ela batendo a porta bem forte.
Jessica chorava pelos
corredores do hospital, todas as pessoas olhava para ela com pena, pois sabiam
que ela era a mulher do homem que gritava de dor durante as madrugadas. Jessica
pediu permissão para levar o seu filho até Jhef. Junior a acompanhou em tudo.
- Porque está me seguindo em tudo? – perguntou ela.
- Porque eu sei sim o que é amor, a minha mulher morreu de leucemia
neste hospital – Disse Junior.
Jessica pediu desculpas a
Junior e ele a acompanhou até o quarto de Jhef. Jessica entrou no quarto de
Jhef e quando ele viu o seu filho pela primeira vez, chorou de emoção.
15- Sempre Eterno
Jhef não tirava o olhar do
seu filho, Jessica coloca Zian nos braços de Jhef e ele sorri.
- Ele é lindo amor! – disse Jhef.
- Parece com você – respondeu ela.
Jhef estava diferente, a maioria do seu
cabelo caiu, Jhef estava quase careca, seus lábios estavam ressecados, as veias
de seus olhos estavam bastante agitadas. Jessica beijou Jhef.
- Ei... Não chora, a gente sabia que esse dia iria chegar – disse ele enxugando
as lágrimas de Jessica.
- Jhef eu...
Jhef colocou o dedo na boca
de Jessica a calando.
- Leva o nosso filho pra fora daqui, olha, o Junior está lá fora, deixe
o Zian com ele – ordenou Jhef.
Jhef deu um beijo em Zian e
chorou ao dar o filho nos braços de Jessica. Jessica deixou Zian com Junior e
Junior levou Zian de volta ao berçário. Jessica voltou para perto de Jhef.
- Jessica... Sabe que eu sempre te amei a cada dia do meu viver, a
nossa história vai sempre existir, promete pra mim que um dia você vai contar a
nossa história pro nosso filho e que não vai deixar ele zombar de nenhuma
garotinha da escola? – pediu Jhef.
- Prometo Jhef.
- Jessica, não deixe a nossa história ser esquecida, por favor,
lembre-se de mim todos os dias enquanto viver, dentro de uma caixa de madeira
que encontrei nas coisas do Zack...
- Você lembrou dele?
- Deixa eu falar, eu não tenho tempo – disse ele.
Jessica abaixou a cabeça e
chorou.
- Dentro da caixa tem um CD, e neste CD eu gravei a música que fiz pra você
naquela noite na varanda, quando quiser ouvir minha voz, escute este CD. Eu vou
estar bem perto de você – disse ele.
- Eu te amo Jhef.
- Eu estou sofrendo Jessica, eu só resisti todas essas dores porque eu
tinha esperança de ver o meu filho e tê-lo nos meus braços – falou Jhef
chorando.
- Jhef...
- Agora que eu o vi, eu sei que eu vou ter uma continuação, eu posso ir
em paz agora.
- Jhef não fala assim....
- Eu não aguento mais essas dores Jessica, perece que minha cabeça vai
estourar como uma bomba, me salva amor – pediu ele chorando.
Jessica chorou e se levantou
do chão, começou a andar pelo quarto.
- Você quer que eu... – tentou falar Jessica
- Eu quero que você desligue o aparelho, só você pode me salvar agora.
Jessica chegou perto dele novamente.
- Eu não posso fazer isso Jhef, eu não tenho forças...
- Você teve forças durante esses nove meses amor, agora eu preciso que
você desligue estes aparelhos, não me deixa morrer de dor, eu prefiro morrer
com você abraçada ao meu corpo.
Jessica senta na cama e
segura a mão de Jhef. Olhou para os olhos fortes de Jhef que agora pareciam
cobertos de lágrimas.
- Desliga, por favor amor – pediu ele com aquela voz que ela amava.
- Eu te amo – disse ela colocando a mão na tomada e tremendo muito.
Jessica fixou seus olhos nos
olhos de Jhef e não olhava para a máquina.
- Não olha para a máquina, apenas puxe – disse ele tremendo de frio.
- Eu não vou consegui amor – disse ela chorando.
- Me abraça agora – pediu Jhef.
Jessica abraçou aquele corpo
quente de Jhef, sentiu a respiração dele quase fraca.
- Sente meu coração? – disse Jhef.
Jessica sentiu o coração de
Jhef e chorou.
- A conquista do coração está na
mente de cada ser humano, Você estará na minha mente até meu último fôlego de
vida – disse ele – Agora puxe amor, não tenha medo!
- Nunca vou esquecê-lo – disse ela chorando e olhando
para ele.
- Eu sei – exclamou ele a abraçando forte, era o
último abraço.
Jessica
encostou a sua boca na boca de Jhef e tomando coragem, puxou a tomada chorando
muito. A máquina começou a fazer barulho e Jhef começou a ficar sem respiração.
Jessica tentou olhar para ele, mas ele não quis que ela visse sua dor estampada
em seu rosto.
Jessica
beijou Jhef na boca e o corpo dele tremia, o beijo era misturado com as
lágrimas dos dois. Jessica olhou para Jhef chorando. E ele já com os últimos
fôlegos de vida olhou para ela.
- Eu te amo eternamente – disse ele colocando força
para falar e depois virando a cabeça pro lado esquerdo, morre.
- Jhef? Jheeeeeeeeeeef – gritava Jessica apertando os
braços dele.
Jhef não
estava mais ali, Jessica abraçou o corpo do amado e ficou ali durante um bom
tempo. Junior entrou e viu que Jessica tinha ajudado Jhef a não sofrer mais.
Junior tirou Jessica de cima do corpo de Jhef, ela estava aos prantos.
- Amooooooooor, eu te amo – gritava ela muito alto.
- Jessica, olha pra mim... Acabou, ele não sofrerá
mais – disse Junior.
- Jhef... – disse ela olhando para o corpo.
- Somente o amor de vocês viverá agora – disse Junior.
Jessica
saiu do quarto aos prantos, parecia não enxergar direito, pois as lágrimas a
impediam. Os acompanhantes dos pacientes do hospital, consolaram Jessica.
Jessica caiu ao chão ajoelhada e o pessoal a abraçou.
...
O enterro
de Jhef foi repleto de amigos, inclusive quem estava lá era Marina, a amiga de
Jessica do tempo do colégio. Todos da empresa foram. As homenagens a Jhef foram
inesquecíveis. Cada um que trabalhava na empresa fez um discurso de arrepiar e
chorar. Jessica estava roca, pois passou toda noite gritando e chorando de dor
e saudade daquele que um dia tanto amou. O caixão começou a descer a terra e em
momentos de desespero Jessica tentou entrar dentro da cova junto com ele. O
pessoal da empresa a segurou pelo braço. O desespero de Jessica era surreal,
era de matar de emoção qualquer um que estivesse ali. O enterro acabou, Todos
que estavam ali abraçaram Jessica e se foram, por sua vez Jessica ficou mais um
pouco e se ajoelhou sobre o tumulo de Jhef. Marina esperava a amiga do lado de
fora do cemitério.
- Obrigada pelo teu amor Jhef – disse ela quase sem voz
de tão roca.
Jessica se
levantou dali e de longe enxergou um cachorro deitado perto da tenda sagrada
daquele lugar, o cachorro parecia com fome, estava magro, seus pelos de brancos
estavam amarelados de poeira e de lama. Jessica olhou bem para o cachorro de
longe.
- Tob? – chamou ela emocionada, para ver se o cachorro
olhava.
O cachorro
ergueu a cabeça e balançando o rabo, levantou suas orelhas, olhou para Jessica
de longe e começou a se levantar.
- Tob, sou eu... Vem cá garoto – disse Jessica se
abaixando e erguendo os braços.
O cachorro
começou a correr em direção a Jessica, quando chegou perto dela começou a
lambê-la. Jessica abraçou Tob com força e chorou lembrando do dia em que Jhef
chegou com ele na mansão. O cachorro chorava abraçado com Jessica.
Jessica
saiu do cemitério com Tob e encontrou Marina do lado de fora.
- De onde veio esse cachorro? – perguntou Marina.
Jessica
olhou para Marina ainda emocionada.
- Do Jhef, da nossa história – respondeu ela.
As duas
foram para a mansão e Jessica contou tudo sobre o cachorro para Marina.
Passaram três dias e Marina tinha que voltar. Jessica a levou até a estação, lá
se despediram. Marina deu um beijo em Zian e alisou Tob.
- Eu venho por aqui te visitar amiga – disse Marina.
- Tá certo! – respondeu Jessica.
Marina se
foi e Jessica voltou pra casa com Tob na coleira e Zian nos braços.
Os dias se
passavam, Jessica voltou a se cuidar, ajeitou os cabelos, voltou a ser a mulher
linda que sempre foi, tomou posse do cargo de presidenta das empresas de Jhef.
Os funcionários da empresa adoravam a Jessica, além de chefa ela se tornou
amiga de todos. Jessica estava feliz com seus novos amigos e amigas, mas quando
chegava em casa percebia que faltava algo, o Jhef. Tob voltou também a ser o
cachorro lindo, seus pelos estavam brilhantes como na primeira vez, era um
cachorro forte. Zian crescia rápido e já tinha se acostumado com sua babá.
Jessica percebia que os dias sem o Jhef, para ela eram sem cor, sem amor, sem
vida.
4 Anos depois
Às vezes é
tão forte as lembranças que vem na minha mente, o cheiro dele, o jeito dele que
me fazia arrepiar por completo, o seu olhar forte com aqueles olhos pretos que
seduziam todas as mulheres da terra, o Jhef me fez ser feliz em momentos que
deviam ser de extrema tristeza, nunca vou me esquecer dos seus desmaios, dos
seus beijos e principalmente dos gritos de dor que escutava naquele hospital. O
destino pregou uma peça em nós, mas nos deixou algo que vai levar a nossa história
de eternidade à eternidade, o nosso filho, que hoje já vai fazer quase quatro
anos, e é a primeira vez que ele vem aqui comigo. Hoje fazem quatros anos.
Jessica
chega perto do tumulo de Jhef com Zian e Tob. Jessica beija o filho e chora ao
lembrar de Jhef. Zian coloca um buquê de flores no tumulo do pai.
- Você ama o papai filho? – perguntou Jessica.
Zian
balançou a cabeça dizendo que SIM. Logo depois Jessica levantou e soltou um
beijo no ar para Jhef. Sentiu o vento forte nas árvores daquele lugar e sorriu.
...
Não há nada
na vida que me faça esquecê-lo, tudo que hoje sou eu devo a ele. Cumpri todas
as promessas que fiz a ele, abri uma terceira empresa para dar continuidade ao
nome que um dia ele fundou. Todos os dias escuto a música que ele fez na
varanda, nem sei como o CD nunca arranha.
Desacelerar,
fazer com que nosso amor dure. É o melhor tempo da minha vida, não quero
deixar-te pra trás, se estou fora do alcance, sinto tu segurar minhas mãos, se
um dia desistirmos nunca olharemos para trás. És tudo que eu sempre quis, mas a
vida entrou no meu caminho, és tudo que eu sempre quis e eu não sei como isso
pode mudar. Eu sei que hoje ainda há algo a faltar: Nós dois.
- Eu
lembro dos momentos marcantes que vivemos! Nossas palhaçadas, os abraços dele
eram quentes, ele me aquecia, ele me fazia feliz como nunca ninguém mais fará
um dia. Eu nunca o esquecerei e sempre lembrarei o que ele me disse antes de ir
– “A conquista do coração está na mente de cada ser humano, Você estará na
minha mente até meu último fôlego de vida”
-
Eu te amo Jhef, você será sempre eterno! O meu eterno Jhef.
Hiago Lins. Fonseca
Editora Inteligente
2013
Eterno Jhef
Estará na votação do melhor livro em Dezembro.